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Jovem negro brasileiro sofre mais com violência social

O Índice de Vulnerabilidade Juvenil e Desigualdade (IVJ) 2014, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revela a face mais cruel do racismo brasileiro. No Brasil, o índice de jovens brancos assassinados caiu 5,5%, enquanto o número de jovens negros mortos subiu 21,3% em 2012, em relação à pesquisa anterior de 2007. Já o índice nacional mostra que ser jovem e negro é correr 2,5 vezes o risco de morte, comparado ao jovem branco.

“O racismo presente no Brasil impede o avanço das lutas por uma sociedade com justiça social, onde todos tenham as mesmas oportunidades de trabalhar, estudar e viver em boas condições. A população negra é ainda a que mais sofre com a ausência de políticas públicas que atendam as necessidades da juventude para desenvolver-se em toda a sua plenitude em paz e em segurança. Mesmo a lei garantindo a igualdade, o racismo prevalece em corações e mentes de boa parte da sociedade”, disse Mônica Custódio, secretária de Promoção da Igualdade Racial da CTB.

Somente em 2012 foram registrados aproximadamente 30 mil jovens assassinados no país, sendo 76,5% negros ou pardos e 23,5% brancos. O levantamento do FBSP mostra que no Nordeste o índice se agrava – na região, os negros correm risco cinco vezes mais que os jovens brancos. Na Paraíba a discrepância é a maior do país: os negros correm o risco de morrer 13,4 vezes mais que os brancos. Já o menor índice ocorre no Paraná, único estado onde o número de assassinatos de jovens negros é menor que o de brancos.

Pelo levantamento, a maior vulnerabilidade do jovem negro à violência social é consequência da ausência de políticas públicas do Estado nas periferias e comunidades pobres do país. Isso é somado à baixa escolaridade do jovem negro e ao aumento da violência urbana, fruto do crescimento da criminalidade envolvendo drogas. A polícia também mata mais os jovens negros, e eles são os que menos têm oportunidades de emprego.

A cetebista define dois fatos importantes apontados na pesquisa, que refletem os dois lados do racismo institucional: primeiro, os números acentuados do genocídio de jovens negros, em uma sociedade com sua maioria parda e negra, que revela o estado de banalização da violência contra esse segmento da população; segundo, os resultados minguantes das políticas públicas implantadas em relação à população jovem – boa parte dos estados diminuiu as ações em defesa dos jovens, aliado a outro fator que inclui a violência racial, com a mortalidade dos negros por uma polícia que mata muito jovem, maioria homens negros.

“O jovem negro brasileiro é vulnerável porque a maioria tem condições precárias de vida. Moram na periferia, estão nas piores escolas e têm os trabalhos com menor remuneração. Ressentem-se da falta da presença do Estado e ficam à mercê da violência, venha ela de onde vier”, enfatiza Mônica. Uma pesquisa recente feita pelo Inesc(Instituto de Estudos Socioeconômicos) confirma as palavras da cetebista e revela que entre 10% mais pobres da população, 68,06% são negros e 31,94%, brancos. A faixa mais desfavorecida é composta por 45,66% de homens e 54,34% de mulheres. Nos 10% mais ricos, que pagam menos impostos proporcionalmente à renda, há 83,72% de brancos e 16,28% de negros. Nessa categoria, 62,05% são homens e 31,05%, mulheres.

Outra pesquisa, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início do ano passado, revela outra face peversa do racismo brasileiro. Em 2013, os trabalhadores negros recebiam 57,4% dos salários pagos aos trabalhadores brancos. A média salarial dos negros foi de R$ 1.374,79, enquanto a média dos brancos era de R$ 2.396,74.

Racismo brasileiro mata mais que guerra

Os dados do IVJ revelam um saldo de quase 23 mil jovens brasileiros pretos e pardos mortos (de 12 a 29 anos). Esse índice ultrapassa o de mortos registrados na guerra civil da Angola, entre os anos de 1975 a 2002, onde foram registrados 20,3 mil mortos. Para que a redução dos números de jovens negros mortos no país ocorra, a IVJ 2014 indica que é necessário a implementação de políticas públicas para a juventude negra, ações que podem atingir duas sequelas impregnadas no Brasil ha décadas, como a redução da desigualdade racial e a violência.

“O governo federal acenou sua primeira bandeira imediata, sinalizando avanços na educação, porém é necessário que todos os estados brasileiros se alinhem nesse projeto e nos demais relacionados com a juventude, para que haja um desenvolvimento verdadeiro de uma política de igualdade racial em todo o país”, realça a secretária da CTB. Um dos fatores primordiais, segundo ela, é acabar com o auto de resistência, alegado por agentes do Estado em casos que ocorrem lesões e mortes de supostos resistentes à prisão. “Combater o racismo é um importante fator de emancipação da humanidade”, conclui.

Por Arthur Dafs e Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

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