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O Dia: Negociação salarial promete ser marcada por greves e briga por novos direitos

Jornal O Dia, deste domingo (29), destaca as campanha salariais de 2015. Em especial a dos metalúrgicos do Rio de Janeiro. Especialista diz que nem sempre ano com desempenho econômico fraco reflete igualmente numa negociação trabalhista.

A confirmação de que o Brasil cresceu apenas 0,1% no ano passado — resultado do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos por um país — somada a elevação das taxas de desemprego e inflação nos primeiros meses de 2015 acenderam o sinal vermelho para os trabalhadores. Pela primeira vez em mais de uma década, os reajustes salariais de dezenas de categorias correm o risco de não apresentar ganhos reais.

Na avaliação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 2015 será um ano muito difícil. No entanto, há diversas variáveis que pesam na hora de promover uma negociação salarial e não se deve observar apenas sob a ótica do PIB. Coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira diz que nem sempre um ano com desempenho econômico fraco reflete igualmente numa negociação trabalhista.

Com base no levantamento “Balanço das negociações de reajustes salariais de 2014”, divulgado na semana passada, Silvestre destaca que apesar de o desempenho econômico em 2013 ter sido melhor do que o ano passado, o ganho real de 2014 (1,39%) ficou acima do que no ano anterior (1,22%). “Mesmo com a economia dando sinais de enfraquecimento, 2014 teve a terceira melhor marca em negociação salarial de toda a série histórica, iniciada em 1996”, diz o especialista.

Segundo ele, com o cenário adverso e cheio de incertezas, é cedo para fazer um prognóstico do que ocorrerá este ano. A única certeza, explica o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, é que as dificuldades nas relações trabalhistas exigirão maior mobilização dos trabalhadores.

Duas outras características despontam nessas situações: ampliação dos movimentos grevistas e maior defesa dos direitos sociais. “Com o crescimento nulo, há uma certa intransigência dos patrões em oferecer reajuste maior. Assim, o movimento grevista ganha força, bem como uma maior reivindicação de direitos em detrimento do reajuste salarial”, diz.

Foi o que ocorreu mês passado com os trabalhadores do Complexo Petroquímico de Rio de Janeiro (Comperj). Após 11 dias parados,eles suspenderam a greve mesmo sem um percentual definido entre patrões e empregados. Os 7,13% — reposição da inflação dos últimos 12 meses — foram obtidos por meio de proposta de conciliação feita pelo Ministério Público do Trabalho.

“Precisamos aprender a entrar em uma paralisação e sair dela sem muitas sequelas porque, na vida, quando a gente dá dois passos para frente, tem que saber dar um passo para trás”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Empregados nas Empresas de Montagem e Manutenção Industrial do Município de Itaboraí, Paulo Cesar Quintanilha, quando defendeu o fim da greve.

Mobilização para manter aumento real

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, Alex Santos diz que é prematuro fazer qualquer diagnóstico para a atuação da categoria este ano. Segundo ele, a estagnação nos estaleiros em todo o país já é uma realidade e o medo de demissões, também. Santos diz apostar numa retomada da economia no segundo semestre e que a categoria, assim como os bancários, vai lutar para manter os ganhos reais no salário.

“No ano passado, os trabalhadores da indústria naval tiveram reajuste de 9,5%, cerca de 3,78% de aumento real. Os demais trabalhadores, ficaram com 7,5% de aumento, acréscimo de 2% de valorização real. Vamos manter essa luta”, disse.

Almir Aguiar, presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, mesmo com o cenário adverso, acredita que as categorias mais organizadas, como os químicos, petroleiros e os próprios bancários, puxarão as lutas por melhores salários. Segundo ele, a organização e a disposição dos trabalhadores este ano deverão ser maiores pela manutenção dos salários acima da inflação.

Em 2014, segundo o Dieese, 92% de 716 categorias tiveram aumento real e 6% igualaram-se a inflação. Apenas 2%, ficaram abaixo.

Por Aurélio Gimenez (O Dia 29/03/2015)

Sindimetal-Rio

Sindicato classista e de luta

Fundado em 1º de maio de 1917.

O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, fundado em 1º de maio de 1917, continua sendo o principal instrumento de luta e de atuação da categoria. Tem uma rica história em prol do Brasil, da democracia e em defesa dos trabalhadores. O Sindicato, consciente do seu papel, segue firme, buscando sempre a valorização do trabalhador e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, a sociedade socialista.

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