“Sociedade trata juventude negra como lixo humano”, diz Mônica Custódio
Foi lançado em São Paulo nesta terça-feira (13), o Fórum dos Movimentos Sociais do estado para unir as forças progressistas paulistas com intuito de enfrentar os desmandos e o elitismo do PSDB. “O desafio é: como vamos mostrar ao povo a tibieza do governo de São Paulo, há 20 anos com o PSDB?”, disse a vice-prefeita da capital, Nádia Campeão.
A secretária de Promoção da Igualdade Racial da CTB e diretora do Sindimetal-Rio, Mônica Custódio acredita ser muito importante o lançamento desse fórum, “justamente no estado onde a elite racista tem mais força, é necessária a união das forças progressistas para barrar o retrocesso”, defende a dirigente. “Muito importante também esse lançamento ter ocorrido bem no Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo”, diz ela.
O dia 13 de maio foi escolhido pelo movimento negro em 1978 para ser o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo para repudiar os festejos da Lei Áurea (assinada em 13 de maio de 1888, pela princesa Izabel), que pôs fim à escravidão no Brasil. “Porém, 127 anos depois, os negros brasileiros ainda sentem os efeitos dessa abolição pela metade”, afirma a a sindicalista. “Em pleno século 21, ainda é muito difícil ser negro no Brasil”.
Ela explica que o racismo brasileiro que, durante a colonização era usado para justificar a escravidão de seres humanos, permanece entranhado em nossa sociedade até hoje. “O Estado não reconhece a população negra como construtora desta nação”, reclama. “Se pegarmos a história veremos que no Brasil os povos negros vindos da África perderam o direito ao trabalho assim que terminou a escravidão. Tentou-se um branqueamento da sociedade e os negros foram forçados a migrar para a periferia, ficando com os piores empregos e moradias”.
Por isso, ela acentua a importância de se refletir sobre o 13 de maio e seus efeitos na vida dos negros contemporâneos. “Mesmo com as diversas políticas de promoção da igualdade racial a partir da posse do presidente Lula em 2003, ainda enfrentamos inúmeros percalços. A remuneração dos negros ainda é inferior a dos brancos, somos os primeiros a ser demitidos e os últimos a conseguir recolocação no mercado de trabalho”, revela.
Ela lembra que as cotas possibilitaram acesso dos negros à universidade, mas estão nos cursos de ciências humanas que têm as piores remunerações. “Os negros estão majoritariamente nos cursos de humanas onde o Estado mais precisa de gente, mas é onde ele menos valoriza os trabalhadores”. Mônica cita a aprovação do projeto de lei 4330/2004, que escancara a terceirização como prova de que o Congresso está contra a classe trabalhadora.
Finalmente, a cetebista carioca acentua a face mais perversa do racismo encontrada no genocídio, onde milhares de jovens negros são assassinados todos os anos. “A sociedade trata a juventude negra como lixo humano que deve morrer ou mofar na cadeia, em vez de analisar as condições de vida desses seres humanos em formação e da necessidade de políticas públicas que contemplem a inclusão de todos e todas para a construção de um país melhor, onde predomine a igualdade, a solidariedade e a generosidade”, assinala.
Por Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB com informações da Rede Brasil Atual