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União de Negros pela Igualdade-UNEGRO: 30 anos de luta Pela Igualdade Racial, de Gênero e de Classe

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A União de Negros pela Igualdade (UNEGRO) é uma entidade nacional suprapartidária, fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, na Bahia. E completa 30 anos de articulação na luta contra o racismo, sexismo, homofobia, a intolerância, e racismo religioso, e todas as suas formas correlatas de manifestação, pela luta de classes. Por Mônica Custódio*

Seu principal objetivo é de construir consciência de classe, identidade, pertencimento de valores históricos da população negra e do povo brasileiro, bem como a defesa de direitos em acesso e oportunidade, e assim poder transformar um povo escravizado, em construtores de uma nova nação, essa que se constitui a segunda maior população negra do mundo, o Brasil.

A UNEGRO nasce em um momento histórico de nosso país (abertura, redemocratização e Constituinte), momento do fim da bipolaridade, do equilíbrio político, econômico, militar e da hegemonia do avanço técnico científico global. A queda do Muro simbolizou a vitória triunfante do capitalismo no mundo, o fortalecimento da ideologia neoliberal e o avanço do Imperialismo.

E com todo esse cenário, ainda assim a UNEGRO com a integridade de uma entidade fundada por comunistas, construiu com amplitude e radicalidade um programa altamente avançado, de cunho classista e abertamente marxista.

As consequenciais do golpe militar, somada as ações neoliberais impostas inicialmente por Collor, no início dos anos 90, aprofundou e recrudesceu as relações sociais e de trabalho, com elevação do desemprego, aumentando singularmente a marginalização da população negra. E com fortes resquícios da ditadura, o genocídio da juventude e das crianças negras virou pauta de luta e enfrentamento com o Estado de São Paulo. Com a atitude, e o protagonismo da UNEGRO e de outras entidades dos movimentos social e negro, foi lançada a Campanha NÃO MATEM AS NOSSAS CRIANÇAS.

Compreendendo a necessidade da amplitude nas relações políticas, participou da fundação e da estruturação da CONEN, Coordenação Nacional de Entidades Negras, fundada em São Paulo, tendo como composição política estruturalmente o Soweto (PT), e a UNEGRO (PCdoB).

Outro passo em direção aos movimentos sociais importante foi a construção da primeira comissão de combate ao racismo na estrutura sindical, em 1993 quando da composição da CNCDR/ CUT. No movimento sindical os membros da UNEGRO se portavam como CSC/CUT.

A UNEGRO também teve papel de grande relevância na construção dos 300 anos de imortalidade de Zumbi, em 1995, a Marcha Zumbi Pela Vida, bem como na organização e realização do Congresso Continental dos Povos Negros da América, no Parlatino em São Paulo, onde tivemos a capacidade de ter como palestrante nada mais, nada menos, para além do escritor marxista Clóvis Moura, Milton Santos, prêmio Nobel em Geografia, e um dos maiores críticos da globalização neoliberal.

Também fomos de fundamental importância na construção, realização e materialização do II ENEN, realizado no Rio de janeiro, na UERJ, de onde tiramos o cimento político das ações de resistência ao neoliberalismo de FHC. Em 2000, iniciamos o milênio nos posicionado contra a campanha do Governo Federal, Brasil 500 anos, onde construíamos a campanha Brasil outros 500.

A partir daí o movimento social negro e organizado iniciava a pavimentação de suas ações, com o papel de desenvolver e executar sua própria agenda e pauta de reivindicação.

Nos mobilizamos politicamente para as contribuições nos estados, onde se estruturavam os documentos norteadores para a Conferência Nacional, e para a III Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, realizada em Durban, na África do Sul, em setembro de 2001.

Viramos o ano com a agenda institucional do país, as eleições gerais. E com ela a perspectiva de um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento e Inclusão Social. Início da pavimentação que os movimentos sociais construíram, durante décadas, e que se iniciou a partir do resultado eleitoral de 2002, com a vitória nas urnas de Lula e do campo democrático, popular e progressista.

No lastro desta vitória, a construção de ministérios com a cara e a identidade do povo brasileiro, atendendo uma demanda de reivindicações pautadas em Políticas Públicas, baseadas em Ações Afirmativas, com objetivo de Reparações. É neste contexto que em março de 2003 a SEPPIR se apresenta.

Ainda em meados 2003, realizamos o 2º Congresso da UNEGRO, em Itaparica, na Bahia. Neste momento a entidade passava por dificuldades, e diante da crise e do refluxo nos impostos, o caminho foi a luta pelo fortalecimento da entidade em nível nacional, a proposição de sairmos dos 07 estados representativos e ampliarmos substancialmente a representação da UNEGRO.

3º Congresso Movimento Negro: um passo além da proposta

Acontecido no Rio de Janeiro em 2007, com uma de suas maiores delegações construíram a virada. A resolução do 3º Congresso foi a mola propulsora para onde chegamos hoje, a atitude de construção de uma entidade, grande, forte e de massa, foi o definidor e parâmetro para a condição de sermos a maior força política nacional negra.

4º Congresso Negros e Negras Compartilhando o Poder

Tendo como sede o Distrito Federal, em 2011. Este congresso confirma a decisão acertada das resoluções anteriores, e da capilaridade imprimida na militância nos estados materializadas na política organizativa, estrutural, e orientadora de nossas ações. Esta proposta de um passo adiante, ela constitui um signo daquilo que chamamos de igualdade de oportunidade e de condição, aqui abrimos espaço efetivamente para as mulheres, e reconhecemos o real valor, e participação do papel das mulheres dentro da organização.

5º Congresso Negros e Negras no Poder e em Defesa da Vida

Este realizado no Maranhão, em 2016. Teve como principal objetivo analisar os impactos e manifestações contemporâneas do racismo. Além disso, ele visa traçar estratégias de enfrentamento a sub-representação de negras e negros nos espaços de poder e decisão e estabelecer uma plataforma política e um plano de luta para os próximos quatro anos.

É dentro deste contexto, e nesta conjuntura histórica de golpe e retrocessos de direitos individuais e coletivos, que também vai servir de cenário para o nosso congresso.

Em um cenário geográfico e político de um Estado histórico, cultural e socialmente negro, onde a luta contra o coronelismo simboliza nossa luta de classes atual, onde quem derrotamos em 2014, nos impõe um Golpe contra o país, e toda a classe trabalhadora. Em um país de terras arrasadas, onde dois anos de desgoverno, representa 14 anos de retrocesso. Ainda assim, realizamos nosso grandioso congresso e dele saímos ainda mais forte, preparado para o bom combate. Tendo como referência uma jovem negra no comando, Ângela Guimarães, que representa essa entidade com cara de mulher preta, jovem, inteligente, descolada e bonita.

Vida longa à União de Negros Pela Igualdade – UNEGRO

*Secretária Nacional de Igualdade Racial da CTB e diretora do Sindimetal-Rio

                    “A Luta Antirracismo, é antes de mais nada, luta de classes”

                                                                                              Clóvis Moura.

 

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Sindimetal-Rio

Sindicato classista e de luta

Fundado em 1º de maio de 1917.

O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, fundado em 1º de maio de 1917, continua sendo o principal instrumento de luta e de atuação da categoria. Tem uma rica história em prol do Brasil, da democracia e em defesa dos trabalhadores. O Sindicato, consciente do seu papel, segue firme, buscando sempre a valorização do trabalhador e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, a sociedade socialista.

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