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Trabalhadores do EISA participam de audiência pública na ALERJ

Foi realizada na manhã desta quinta-feira (21/08), no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) uma audiência pública para debater a situação do estaleiro EISA. O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro (Sindimetal-Rio) esteve presente na atividade ao lado dos trabalhadores do estaleiro.

A assembleia foi aberta pelo Deputado Estadual Paulo Ramos (PSOL), que presidiu a seção. Compuseram a mesa da audiência o representante da comissão de fábrica Luiz Oliveira, o representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP) Joacir Pedro, a Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB), o ex-Deputado Federal Edmilson Valentim (PCdoB), o Deputado Federal Edson Santos (PT), o ex-Deputado Federal Cyro Garcia (PSTU), do Vereador de Niterói Paulo Eduardo Gomes (PSOL) e o Presidente do Sindimetal-Rio Alex Santos.

Ao abrir a seção, o Deputado Paulo Ramos definiu a situação do estaleiro como sendo “dramática e inexplicável para um estaleiro com tantas encomendas”. As críticas à gestão do estaleiro (tanto a atual, quanto as anteriores) foi intensa durante a audiência. Coube ao Presidente do Sindimetal-Rio, Alex Santos, a tarefa de fazer um histórico da situação. Durante sua fala, o Presidente reiterou todo o processo de lutas que contou com 6 assembleias e 2 passeatas, sendo uma delas reprimida com violência pelas forças de segurança do Governo do Estado, e salientou que “os trabalhadores tem cumprido o seu papel de buscar uma solução, mas às vezes parece que somente nós buscamos isso”. Alex criticou também a postura do governo do Estado, a quem taxou de omisso.

– A situação demonstra apatia do Governo do Estado para com os mais de 3 mil trabalhadores do EISA. – afirmou Alex.

O representante da comissão de fábrica, Luiz Oliveira, valorizou os trabalhadores presentes dizendo que “diante das dificuldades vividas é grande o número de trabalhadores presentes”. Luiz elogiou o papel de Jandira Feghali e Edmilson Valentin na luta com os trabalhadores do estaleiro afirmando que trabalhava naquele estaleiro “há 30 anos, desde quando ele tinha outro nome e outro dono” e afirmando que nesse tempo, “desde a primeira crise a Deputada Jandira Feghali e o Edmilson Valentim estiveram do nosso lado”. Luiz também criticou a administração e chamou os donos do EISA à sua responsabilidade:

– É triste sermos colocados nessa situação que não é nossa culpa. Se dependesse dos trabalhadores estaríamos todos fazendo nossas funções, fortalecendo a indústria naval e erguendo o País.

A Deputada Jandira Feghali chamou atenção para a necessidade do que ela definiu como sendo um “plano de recuperação” do estaleiro. Um pacto, que segundo a deputada, tem que envolver todos os setores possíveis desde as representações governamentais até os armadores que mantém contratos com o Eisa. As criticas à postura do Governo do Estado foram duras:

– É absurda e desumana a negligência com a qual o Governado do Estado vem tratando o problema do EISA. Não podemos admitir que o governador mantenha os olhos fechados para uma crise que atinge a base da principal indústria do Estado.

A deputada ainda afirmou que a crise não se resume ao estaleiro e defendeu que se pense uma política de desenvolvimento não apenas para o estaleiro, mas para todo setor naval. Na mesma linha, o Deputado Edson Santos defendeu a necessidade de um projeto para o setor e salientou que aconteceu em Brasília uma reunião entre representantes do estaleiro e o Ministro da Fazenda Guido Mantega e também criticou a administração do EISA, afirmando que os “gestores de estaleiros precisam ter responsabilidade com suas gestões”.

O ex-deputado Cyro Garcia criticou a ausência dos parlamentares na audiência pública. Além de Jandira Feghali e Paulo Ramos, nenhum outro deputado com mandato se fez presente na audiência. Segundo Cyro, a ausência desses parlamentares denuncia que eles “não têm compromisso com a classe trabalhadora”.

O ex-deputado Edmilson Valentim lembrou que muitas conquistas da indústria naval aconteceram naquele plenário da ALERJ e não poupou críticas ao grupo Sinergy, que administra o estaleiro. Relembrando a importância dos trabalhadores, Valentim disse:

– Os 3.500 trabalhadores do EISA representam mais de 15 mil cidadãos do Rio de Janeiro. São trabalhadores de um setor estratégico da economia do nosso Estado. Se o Germann e o grupo Sinergy não tem capacidade de gerir o setor, que deixem o setor e abram espaço para quem tem capacidade de investir na indústria naval.

Edimilson frisou que o EISA é um estaleiro ímpar, sendo “um dos principais estaleiros do Brasil na construção de navios, uma joia da indústria nacional”. O ex-deputado lembrou que a maioria dos estaleiros não produz navios, apenas plataformas e que por isso o EISA é um estaleiro estratégico para a economia nacional.

Ao fim da audiência, o Deputado Paulo Ramos propôs que se buscasse reunião com cada um dos armadores que mantém contratos com o estaleiro, com representantes da FIRJAN (Federação de Indústrias do Rio de Janeiro) e com os próprios representantes do estaleiro. Após a proposta do Deputado, o Presidente do Sindimetal-Rio fez a última fala da audiência cobrando uma política de estado para a indústria naval:

– Não dá para um País com 8 quilômetros de costa não ter uma política de nação para a indústria naval. Não basta apenas uma política de governo, precisamos de uma política de Estado para que nunca mais passemos por isso.

Ao fim da audiência, através das redes sociais, recebemos a notícia de que alguns trabalhadores começaram a receber alguns salários atrasados. De acordo com a empresa, esse pagamento estaria sendo processado até amanhã, com isso é possível que alguns pagamentos ainda estejam sendo processados. O sindicato acompanha com atenção o processo.

Sindimetal-Rio

Sindicato classista e de luta

Fundado em 1º de maio de 1917.

O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, fundado em 1º de maio de 1917, continua sendo o principal instrumento de luta e de atuação da categoria. Tem uma rica história em prol do Brasil, da democracia e em defesa dos trabalhadores. O Sindicato, consciente do seu papel, segue firme, buscando sempre a valorização do trabalhador e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, a sociedade socialista.

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