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A volta dos empregos

Reformas estruturais importantes, na década passada, tornaram a indústria naval nacional mais preparada para concorrer com as maiores do mundo. Centenas de empresas foram criadas e mais de 82 mil trabalhadores tinham emprego garantido nos estaleiros, situação bem diferente da década de 1990, quando o país, sem uma indústria local, pagava US$ 10 bilhões por ano para afretar navios de bandeira estrangeira.

Por Jesus Cardoso*

A falta de investimentos e a decisão do governo de acabar com a participação obrigatória da Petrobras, reduzindo drasticamente a exigência do conteúdo local (de 65% para 25%), podendo chegar a zero, podem decretar a falência total da indústria naval.

O argumento de que a Petrobras está endividada é um embuste. A dívida da Petrobras tem a ver apenas com a queda do preço internacional do petróleo, os investimentos que ela fez no pré-sal e os fatores cambiais. Só.

Todas as petroleiras estão atualmente endividadas e passando por situação de crises e, mesmo assim, estão correndo para o Brasil em busca do “ouro” que está sendo entregue.

Nada impede a Petrobras de continuar como operadora única do pré-sal e manter o conteúdo local mínimo nos patamares que permitem fortalecer a indústria nacional, gerando emprego para milhares de trabalhadores.

A contratação no exterior de sete plataformas, entre 11 previstas para até 2019, além de outras já transferidas para a Ásia, é um crime. A própria Petrobras sabe que a contratação no exterior não é garantia de cumprimento de prazos e de custos menores relativos.

São um crime contra a indústria e a engenharia local os chamados desinvestimentos de US$ 21 bilhões para o biênio 2017-2018, que não significam outra coisa senão colocar à venda imensos campos de petróleo, já descobertos através de investimentos bilionários da Petrobras.

A venda desses ativos e o fim do conteúdo local são os descaminhos por onde a Petrobras deixará de cumprir o seu papel de indutora do crescimento nacional e de geradora de riqueza e trabalho para o povo, detentora que é do monopólio de reservas monumentais de 200 bilhões a 300 bilhões de barris de petróleo e gás equivalente no pré-sal.

O movimento nacional em defesa da indústria naval não vai permitir que o Brasil ande para trás. Não depois que o país soergueu este setor com grande esforço e investimentos públicos, principalmente, do Fundo de Marinha Mercante, FGTS e FAT. Inclusive para formação de mão de obra qualificada, com cursos técnicos, de engenharia naval e de outras especializações e pós graduações de milhares de trabalhadores.

Todo esse esforço não pode naufragar. Ainda há tempo de mudar essa visão do governo em relação à Petrobras, reconhecendo os erros e acreditando que é possível melhorar e avançar em uma sociedade mais justa, com os empregos e o desenvolvimento de que o país tanto precisa.

*presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro.

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Sindimetal-Rio

Sindicato classista e de luta

Fundado em 1º de maio de 1917.

O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, fundado em 1º de maio de 1917, continua sendo o principal instrumento de luta e de atuação da categoria. Tem uma rica história em prol do Brasil, da democracia e em defesa dos trabalhadores. O Sindicato, consciente do seu papel, segue firme, buscando sempre a valorização do trabalhador e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, a sociedade socialista.

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