100 anos do Sindimetal-Rio: Uma história de luta em defesa da classe operária e do Brasil
Fundado em 1º de maio de 1917, o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro foi homenageado, no dia 27 de abril, em uma sessão solene na Câmara dos Deputados, em Brasília. O ano de 1917 ainda ficou marcado pela greve geral em todo o país e pela Revolução Russa. Cem anos se passaram e a entidade continua firme em seus propósitos, atuando sempre na defesa da classe operária, do desenvolvimento e da justiça social.
Para comemorar esse centenário, o Sindicato receberá, no dia 4 de maio, a Medalha Pedro Ernesto, da Câmara de Vereadores do Rio, e no dia 25 a Medalha Tiradentes, na Alerj. O Sindimetal ainda prepara uma revista comemorativa dos cem anos, debates e o lançamento de um documentário no final deste ano.
O presidente do Sindicato, Jesus Cardoso, acredita que esse ano será especial para a entidade, com as diversas comemorações programadas. Porém ressalta que 2017 terá também muita luta e enfrentamento, principalmente com o atual governo federal que tem retirado direitos dos trabalhadores com a reforma trabalhista e da previdência e a terceirização desenfreada.
“Vamos nas ruas e nas fábricas organizar os trabalhadores para enfrentar o retrocesso. Nossa categoria tem um histórico de mobilização e, com certeza, estará na linha de frente das batalhas em defesa do emprego, do desenvolvimento e da construção de um país de igualdades”, declarou.
Nascimento
Nascido como União Geral dos Metalúrgicos, ele foi reorganizado em 1932 como entidade sindical, sendo o primeiro sindicato operário metalúrgico criado no Brasil.
Dois meses após sua fundação, a entidade aderiu a um grande movimento grevista liderado pela Federação Operária. A paralisação envolvia grande parte do proletariado industrial do então distrito federal em luta pela jornada de oito horas de trabalho e aumento salarial, entre outras conquistas.
Desde então, tem sido a voz e o aglutinador dos metalúrgicos na luta em defesa dos seus direitos enquanto trabalhadores e cidadãos. Tem sido uma trajetória pontilhada por lutas e conquistas em prol dos operários metalúrgicos, dos trabalhadores em geral e pelo desenvolvimento do país. Frutos dessa ação vieram a jornada de trabalho de oito horas diárias, as férias, a aposentadoria especial, o 13º salário, dentre tantas conquistas.
Construção
Sua história é permeada por importantes batalhas na defesa dos direitos dos trabalhadores, por melhores condições de trabalho, mas também pelo desenvolvimento econômico e social do país, como as campanhas O Petróleo É Nosso (anos 50) e as Diretas já (anos 80).
Ainda na década de 50, o trabalho desenvolvido no seio da categoria era bastante intenso, sustentado por diversas comissões de fábrica. Uma importante campanha empreendida foi a da construção do “Palácio dos Metalúrgicos”, custeada pela doação de um dia de trabalho dos trabalhadores.
A sede do sindicato, na Rua Ana Néri (Benfica), é tombada pelo patrimônio histórico e foi local de eventos significativos para o país e a cidade. Foi palco, por exemplo, da famosa assembleia dos marinheiros, às vésperas do golpe militar de 64; mas também foi centro de recolhimento de doações para as vítimas da enchente que flagelou a cidade em 1966.
Apesar de toda repressão, os metalúrgicos ainda realizaram eleições para a direção nos anos de 1970 e 1980. Para isso se utilizaram de nomes desconhecidos, pois as lideranças tinham os nomes barrados pelo Ministério do Trabalho. Dentro deste clima, o Sindimetal-Rio liderou grandes campanhas e greves na categoria, buscando garantir aumentos salariais.
A sede foi palco de visitas de presidentes da república como JK, Jango e o próprio Lula, governadores de estado, ministros e personalidades, como o primeiro cosmonauta Yuri Gagarin.
Sindicato de luta
O período de redemocratização, a partir de 1985, foi um momento de embates em defesa do desenvolvimento econômico. O Sindicato participou ativamente da campanha pelas Diretas Já, depois pelo Fora Collor. Em 1998, o Sindicato recebeu um ato de unidade das forças da esquerda com a presença dos então candidatos à presidência Luís Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola, quando ambos se comprometeram com o soerguimento do setor naval brasileiro.
Na década de 90, denunciou a onda neoliberal, que arrochou salários e sucateou o Estado, e enfrentando com força os ataques à classe trabalhadora. Também jogou importante papel na recuperação do setor naval fluminense, fundamental para a retomada do desenvolvimento regional e a geração de empregos.
Em 2014, em (des)comemoração ao golpe, foi realizada uma audiência pública da Comissão da Verdade, que contou com depoimentos de ex-sindicalistas metalúrgicos, que relataram os anos de repressão. Muitos foram demitidos, presos e torturados.
No dia 31 de março de 2014, o Sindicato recebeu da Prefeitura do Rio de Janeiro a placa do Circuito da Liberdade. A iniciativa foi do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), que criou um roteiro de lugares importantes para preservar a identidade e a memória carioca no âmbito da luta pela democracia e pela liberdade no contexto do regime de opressão.
Recentemente, o Sindicato esteve à frente da luta pela reativação da Construção Naval, grande geradora de empregos na categoria.
Com essa tradição de luta na defesa dos trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos caminha para o seu centenário, firme e ousado, consciente do seu papel e buscando sempre a valorização do trabalhador e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, a sociedade socialista.
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