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Dia Nacional da Consciência Negra: rumo aos 130 anos da abolição

O Brasil é a segunda maior população negra fora da África e, de acordo com o IBGE 2017, conta com uma população de 207,7 milhões, sendo de uma maioria de mulheres, em um percentual de 51,8%, dentre elas maioria negra.

*Por Mônica Custódio, Severino Lourenço e Roberto Fernandes

Ainda assim estamos condicionadas as piores relações e condições de trabalho, salários, moradia, saúde, mobilidade urbana e acesso à cultura em termo de produção, execução e/ou conhecimento.

Nestes últimos 130 anos houve mudanças substanciais na formação sócio cultural, econômico e histórica de nosso país, da Abolição à Constituinte de 1988, essas mudanças se evidenciaram em várias formas de expressão, como simbolismo da resistência à afirmação da identidade negra.

Com tudo isso, a população negra, independente do sexo, recebe 50% menos na sua remuneração que a não negra. Quando se inclui o recorte de gênero a situação fica ainda mais alarmante. A remuneração de duas mulheres negras juntas corresponde ao valor de uma mulher não negra, de acordo com a Relação Anual de Informação Social (Rais), do Ministério do Trabalho.

Os 14 anos de governo democrático e popular nos inseriu nas condições de cidadania, significando direito ao trabalho, à saúde, moradia e à educação, o respeito aos direitos individuais e coletivos. Tivemos soberania e desenvolvimento da nação. Conhecemos a autossuficiência da Petrobrás, e a alavanca econômica que ela significou para a economia de nosso país e para as categorias econômicas, gerando milhares e milhares de empregos.

Hoje o que temos para além de um governo ilegítimo e golpista, com apenas 4% de aprovação, é o remédio amargo do desmonte do Estado. A PEC da morte nos traz 20 anos de congelamento do estado, é o retorno do estado mínimo e do neoliberalismo, bem como a entrega de nossas estatais como já vem acontecendo.

Celebramos o Dia Nacional da Consciência Negra em um momento onde o país atravessa uma de suas maiores crises sociais, econômicas, sistêmicas e política. Onde o racismo estrutural se reapresenta com formato moderno de flexibilização das condições e relações de trabalho, retrocedemos aos 130 anos.

Esta relação contextualizada na história demonstra uma percepção multidimensional da pobreza, que se exemplifica no cotidiano, na acessibilidade e na invisibilidade da população negra, que tem a influência do racismo estrutural na sua apresentação das relações sócio econômica e o racismo institucional que se apresenta nas relações onde o estado sustenta a estratificação social, nas condições materiais para a nossa população, e assim mantém o status quo. Esse cenário aponta que ainda que esse estado não tenha pena de morte, ainda assim é o que mais mata. Um país em aparente estado de paz na política global se encontra com índice de mortalidade de guerra, pois de forma velada se encontra em uma verdadeira guerra civil.

Fomos o último país a constituir a abolição. O ano que se aproxima traz um cenário de grande significância, é o ano dos 130 anos da abolição da escravatura. “A abolição lenta (Lei da Terra 1850), gradual (Lei dos sexagenários 1885) e segura (Lei do ventre livre 1871), que ensaiou uma “liberdade” que ainda não cantou.

Neste dia Nacional da Consciência Negra, será mais um dia de reflexão, denúncia, mobilização e ação, contra a intolerância religiosa, lesbofobia, homofobia, feminicídio e o genocídio de toda forma.

Assim seguimos na guerrilha com o objetivo em: 

-Defesa das Terra Indígenas e Quilombolas.

-Da vida de nossa juventude.

-Pela Liberdade Religiosa, e em defesa do Sagrado, Contra a Intolerância Religiosa.

-Pelo direito ao trabalho digno.

-Pelo salário igual, para trabalho de igual valor – Convenção 100 da OIT.

-Pelo direito e acesso à educação digna e de qualidade.

-Defesa de nossa soberania e recurso naturais/Meio Ambiente.

Saudações Quilombolas! Viva Nizinga, Zumbi, Tereza de Benguela, as nossas vidas, porque vidas negras importam!!

*Mônica Custódio – secretária nacional de Combate ao Racismo da CTB e diretora do Sindimetal-Rio

*Severino Lourenço – Secretário de Combate ao Racismo da FITMETAL e diretor do Sindimetal-Rio

*Roberto Fernandes – diretor de Combate ao Racismo do Sindimetal-Rio

 

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Sindimetal-Rio

Sindicato classista e de luta

Fundado em 1º de maio de 1917.

O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, fundado em 1º de maio de 1917, continua sendo o principal instrumento de luta e de atuação da categoria. Tem uma rica história em prol do Brasil, da democracia e em defesa dos trabalhadores. O Sindicato, consciente do seu papel, segue firme, buscando sempre a valorização do trabalhador e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, a sociedade socialista.

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