Nesta segunda-feira, 4 de agosto, aconteceu uma homenagem às mulheres negras em um evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher Negra e Caribenha (25 de julho) na Câmara Municipal de Angra dos Reis. O ato foi promovido pelo vereador Helinho do Sindicato (PCdoB).

A solenidade aconteceu no Plenário da Câmara. Foram realizadas importantes homenagens e intervenções. Durante o evento, também aconteceu a entrega do Prêmio Princesa Anastácia Mulheres Negras em Destaque. Foram agraciadas mulheres com atuação social na região de Angra dos Reis, como a psicanalista Cristina Moraes e a diretora do Sindimetal-Rio, Raimunda Leone.

A Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres do Rio de Janeiro, Ana Rocha, realizou uma palestra sobre os desafios da mulher negra.

Segundo o Dossiê da Mulher Negra, ela enfrenta discriminação em diversas áreas. Compõe 53% da linha de pobreza, sendo a parte da população mais vulnerável socialmente, entre mulheres e homens brancos e homens negros. No mercado de trabalho,71% das mulheres negras estão nas ocupações precárias e informais. Na política, apenas uma negra foi governadora e em 126 anos de República, apenas três mulheres negras ocuparam cadeira no Senado Federal. Na saúde, mais da metade (57%) das gestantes que morreram em 2009 em decorrência da gravidez ou parto são negras. As mulheres negras são também as que menos denunciam casos de violência doméstica.

Diante deste panorama, Ana Rocha chamou atenção para políticas publicas que considerem a mulher em sua especificidade, com suas características próprias. Também falou da importância das mulheres negras na formação da sociedade e da História do Brasil, destacando personalidades como a escritora Carolina Maria de Jesus, conhecida pela obra Quarto de Despejo: Diário de uma favelada, Maria Felipa de Oliveira:heroína negra da Independência, na Bahia, que ocorreu entre 1822 e 1824, e Tereza de Benguela, chefe de quilombo que resistiu à escravidão por duas décadas. Essa última deu nome ao Dia Nacional Tereza de Benguela e da Mulher Negra, sancionado em junho deste ano pela presidenta Dilma Roussef.

A secretária Ana Rocha também foi premiada por sua gestão à frente da SPM-Rio, e declarou:

“Não existe uma mulher genérica. Existe, isso sim, mulheres situadas na condição social, de raça e orientação sexual diversas. E todas elas devem ser contempladas com tratamento igualitário”.